Hoje eu preciso de um lugar assim...
Vazio, solitário, ermo, um lugar onde eu chore até o peito doer, onde eu possa gritar as centenas de palavrões que estão engasgados, hoje eu preciso de um lugar onde eu possa me envergonhar sozinha, onde eu despeje a taça do veneno, um lugar assim...oco que nem meu coração...
Sinto nojo de mim pelas minhas boas atitudes, tenho ódio de todas as vezes que fiz tudo certo, sinto asco de ter me permitido mais uma vez e ter caído, ter me machucado, ter ralado os joelhos e a cara!
Hoje eu sinto uma dor lacerante, uma dor de cor verde, dor de espasmo, de cólica, de entranhas retorcidas, uma dor que nem toda a garganta consegue gritar, nem todos os gemidos do inferno conseguem gemer...
Eu entregue denovo essa droga de músculo pulsante, burro e incompetente sabe...e mais uma vez, advinha??Exatamente, ele me foi devolvido podre, conservado em local inadequado, pendurado em algum cabide ou guardado numa gaveta úmida, tá inútil, todo quebrado, cheirando mal e mal bate, não serve pra mais nada!
E sinceramente não entendo porque ainda me sinto assim, se já passei por isso tantas vezes, o abandono me faz companhia faz muito tempo, já nem é mais novidade quando essa dor fina chega, esse embrulho no estômago, essa vontade de vomitar todos os sorrisos, os momentos bonitos, as noites, os dias, esse ser sem razão...
Meu corpo dói por inteiro, parece que me surraram com cordas, com pau, sei lá...
Mas depois de tanto agonizar a dor se torna dormência, rima ironicamente com a demência de alguém tão "boa" como eu, enfim, hoje eu fico por aqui nesse lugar escuro, úmido e vazio...quando as cores da vergonha me saírem das faces eu me levanto desse canto e aí quem sabe consiga encarar novamente alguns raios de dia sem me sentir feito uma pedra vadia jogada no asfalto...
Por agora a Lua me faz companhia...